Sextou – Semana de quatro dias faz sucesso entre empresas de Portugal.
A semana de quatro dias é uma redução da jornada de trabalho convencional de 44 horas para 32 horas semanais, ou seja, trabalhar quatro dias e folgar três.
Projeto-piloto resultou em maior satisfação de trabalhadores, sem queda na produtividade, mas o nó está na reorganização, afirmam participantes.
A semana com “quatro dias de trabalho” foi adotada por Portugal há quase dois meses e já possui resultados positivos.
A iniciativa vem sido testada pelo governo do país e possui 40 empresas privadas que relatam melhoras na criatividade e no desempenho dos funcionários.
A gíria brasileira “sextou” foi incorporada ao vocabulário corporativo em Portugal.
Seguindo uma tendência que começa a ganhar força em alguns países, a semana de quatro dias sem redução de salário foi alvo de um projeto-piloto coordenado pelo governo com 41 empresas portuguesas, e o resultado foi positivo, ainda que não para todas. Quatro desistiram da ideia, mas as outras que adotaram a nova escala de trabalho viram melhora na saúde mental dos seus mais de mil funcionários envolvidos, sem prejudicar o desempenho dos negócios em diversos setores.
Sexta feira um novo sábado:
O laboratório português começou em junho de 2023, e o relatório final foi apresentado um ano depois. Só agora o tema ganha maior visibilidade no Brasil — onde também foram feitos experimentos voluntários —, após a repercussão nas redes sociais da proposta de emenda á constituição da Deputada federal Erika Hilton – (PSOL- SP) – de trocar a escala 6×1, com seis dias trabalhados e uma folga somando no máximo 44 horas semanais, pela 4×3: três dias de folga e 36 horas por semana sem redução de salário.
A experiência portuguesa começou no governo socialista do então primeiro-ministro António Costa e terminou já com o novo gabinete de centro-direita do premier Luís Montenegro, que admitiu a possibilidade de estudar a adoção da semana de quatro dias de trabalho em todo o país. Por enquanto, as empresas neste regime fizeram uma opção.
Para coordenar o piloto, o governo contratou o economista Pedro Gomes, autor do livro “Sexta-feira é o novo sábado”. Professor de economia em Birkbeck, Universidade de Londres, ele afirmou ao GLOBO que vê a ideia como viável no Brasil, a partir do relatório da experiência portuguesa, mas com adaptações:
— A semana de quatro dias é uma melhor maneira de organizar a economia do século XXI.
Combina duas dimensões: redução do tempo de trabalho, que beneficia os trabalhadores, e reorganização das empresas, da qual resultam ganhos de produtividade que compensam a redução das horas trabalhadas.
Permite evitar cortes salariais, prejuízos e viabiliza a transformação.